O “Boom” da corrida:

Se não é você, com certeza alguém próximo já acorda cedo nos fins de semana para correr. Colecionar medalhas deixou de ser exceção e virou hábito para milhões de brasileiros — um fenômeno em constante crescimento, que vem transformando a forma como as pessoas enxergam saúde, sociabilidade e superação.

Os números confirmam essa paixão. Em entrevista à Forbes Brasil, Michael Martin, CEO do Strava, revelou um dado impressionante: o Brasil é o país com o crescimento mais rápido no uso do aplicativo, ocupando o segundo lugar no ranking global — atrás apenas dos Estados Unidos. Mas o que realmente chama a atenção, segundo ele, é o espírito coletivo do corredor brasileiro: “Ele não quer apenas correr; quer correr com outros, criar comunidade.”

É justamente essa busca por conexão que ajuda a explicar por que acordar antes do nascer do sol deixou de ser um sacrifício e se transformou em um ritual de bem-estar. Enquanto a cidade ainda dorme, ruas e parques se enchem de corredores que transformam o silêncio da madrugada em energia para o dia. O que poderia ser um esporte solitário, na verdade, virou uma poderosa rede de apoio.

No mundo digital, onde as interações são cada vez mais superficiais, a corrida tem o poder de criar amizades reais.

O tradicional happy hour ganhou uma versão mais saudável: após os treinos, grupos se reúnem para trocar dicas de pace, compartilhar histórias de superação e planejar os próximos desafios. O asfalto virou ponto de encontro, e as amizades que nascem ali se transformam em parcerias para provas, viagens e grupos de motivação.

Mas a corrida vai além da socialização — ela é, acima de tudo, sobre descobrir que os limites existem para ser superados. Cada medalha no peito é a prova de que disciplina e persistência trazem recompensas. E, num mundo onde as relações muitas vezes se resumem a likes e mensagens, correr virou um antídoto contra o isolamento.

Mais do que um esporte, a corrida é um movimento que tira as pessoas do sedentarismo e as coloca em ação — literal e simbolicamente. Em tempos em que tudo parece passageiro, ela cria raízes: de saúde, de amizade, de propósito. E prova que, mesmo quando se corre sozinho, ninguém está realmente sozinho.